Como se sabe, a influência do mundo artístico e intelectual na defesa ou na oposição aos Governos é muitas vezes determinante.
O 25 de Abril em Portugal, que derrubou o regime de 48 anos de Ditadura sem disparar um tiro,beneficiou evidentemente de todo um país que mental, afectiva e ideologicamente estava maioritariamente contra o fascismo.
Também na época da "Noite Sangrenta" essas forças actuavam e tinham importância.
O movimento "ORPHEU" de 1915, anti-Republicano e futurista na linha de Marinetti futuro apoiante de Mussolini, era um movimento vanguardista que serviria, na sua maioria, de apoio à Ditadura Salazarista.
As figuras mais célebres foram António Ferro (Sérgio Moras) jornalista e escritor brilhante que faria a célebre entrevista que lançou Salazar, Raul Leal (Ruben Garcia) , poeta e homossexual assumido, Fernanda de Castro (Vânia Naia), poetisa, escritora, mulher de António Ferro, Almada Negreiros (Adérito Lopes), Fernando Pessoa , que escreveria mais tarde o poema de homenagem a Sidónio Pais - Ao Presidente-Rei Sidónio Pais.
Seguem-se vários movimentos culturais que vão sendo testemunho do modernismo e futurismo.
Já nos anos 20 surge a " Seara Nova" com António Sérgio, Jaime Cortesão Sérgio Moura Afonso), Raul Proença (Ruben Garcia) e outros
Comentaram os acontecimentos de 19 de Outubro com os seguintes textos:
Jaime Cortesão - (com um exemplar da Seara Nova) – O que vai sair daqui? Quem esperará ver nos ministérios que se seguirem outra coisa que não seja ministérios de simples expediente administrativo?
E isto quando a força das coisas e a própria lógica nos não levarem para uma ditadura militar, com toda a opressão do sistema militar e o predomínio dos interesses militares.
Nós, que fizemos o voto de dizer toda a verdade, levantamos a nossa voz de protesto e acusação. Fundámos a revista “Seara Nova” e acusamos os de ontem e os de hoje.
Os que já fizeram o mesmo e agora condenam os outros, e os que, para corrigir os erros passados, começam por seguir os métodos do passado. Acusamos os partidos da oposição, que conheciam o que se ia passar e nada fizeram para evitar a catástrofe.
Raul Proença – (c/ ex. Seara Nova) Na “Seara Nova” acusamos os que fomentaram todas as desordens, os que fizeram silêncio sobre todos os desvarios demagógicos, que não tiveram uma palavra de condenação e de proscrição para os miseráveis que, dizendo-se seus partidários desmentiam todos os sentimentos de humanidade. Acusamos os potentados da finança (exploradores, especuladores, açambarcadores, falsificadores, inimigos do povo) que vivem de sugar todo o sangue da Nação pelas ventosas da sua ambição desmedida.
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